sábado, 13 de setembro de 2008

Hoje, no "Correio de Setúbal"

Diário da Auto-Estima – 85
Lápide – Há uns anos que era desconhecido o rumo que a lápide em memória do escritor setubalense Tomás António dos Santos Silva (1751-1816) tinha tomado. Com efeito, em 1909 (quase há 100 anos!), o jornal sadino “A Mocidade” procedeu a uma subscrição pública para a colocação da dita lápide na casa em que o poeta nascera, situada no largo que tem o seu nome, mas obras levadas a cabo em prédios desse largo foram o marco para o desaparecimento da lápide. Felizmente, o jornal “O Setubalense”, a propósito de um outro assunto, descobriu o estado e a localização da lápide para os seus leitores (3 de Setembro) – um morador da zona em que houve as ditas obras, vendo, na altura, a pedra no chão, agarrou-a e guardou-a de ir parar a uma qualquer lixeira de entulho. Agora, o morador mostrou-a ao jornal e lamentou que ela não tivesse sido reposta no sítio. Está-se a tempo para que tal suceda, bastando haver convergência de vontades. A reposição da lápide seria um bom serviço à memória por várias razões: por ser uma forma de lembrar uma figura importante de Setúbal; por ter resultado de uma subscrição pública, logo, da vontade de muitos setubalenses; por conter em si uma dupla memória – a do homenageado e a do grupo de cidadãos que há um século teve a iniciativa. Oxalá haja, pois, vontades congregadas e decisões rápidas na reposição de uma inscrição da memória colectiva! Em 1 de Março do próximo ano, vai fazer um século que o jornal “A Mocidade” lançou a ideia da lápide. Oxalá nessa altura já possa estar respeitado o desejo dos nossos antepassados e cumprida a vontade do morador de ver a pedra no seu sítio!
Condecorações – Numa reunião recente da Câmara Municipal de Setúbal, foram aprovados os nomes dos cidadãos e entidades a serem contempladas com a medalha de mérito municipal no próximo feriado, em 15 de Setembro. Até aqui, tudo pareceria normal, independentemente de se concordar ou não com os nomes propostos. O estranho surgiu do facto de, publicamente, os nomes apresentados terem sido escrutinados individualmente na mesma sessão, tendo o executivo chegado à conclusão de que três desses nomes deveriam ser retirados da lista de condecorações a haver. Toda a gente ficou a saber que, a par de uns quantos nomes que vão ser contemplados, houve uns tantos que foram rejeitados, tendo os mesmos sido divulgados e publicadas notícias a propósito. Qual é o direito que protege um cidadão de se ver publicamente rejeitado por uma coisa que não pediu? Até que ponto pode o nome das pessoas ser assim jogado, entre aprovações e recusas, na apreciação pública de um prémio a que não se candidataram? Injusta, muito injusta, esta exposição não requerida!
Ano lectivo – Aqui está o 2008/2009. Seria bom que este ano lectivo corresse sem atropelos e sem demagogias (sejam elas dos números, dos princípios, das práticas ou das decisões) em favor da aprendizagem dos alunos e de um ambiente pacífico nas escolas. Seria bom! É que… “para ser professor, também é preciso ter as mãos purificadas”, porque “a toda a hora temos de tocar em flores” e “a toda a hora a Poesia nos visita”. É que o sublime é ser o professor “a lição em pessoa – que é isso mais importante e mais eficaz que sermos o papel onde a lição está escrita”! Quem disse estas verdades foi Sebastião da Gama, bem conferidas pela prática que no seu “Diário” regista. A todos cabe conceder alguma atenção a estes princípios.

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