quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Minudências (19)

Endeusamento
Vimos na televisão e os jornais deram cobertura ao facto de o Primeiro-Ministro ter feito um balanço elogioso da Presidência portuguesa da União Europeia perante o Parlamento Europeu na 3ª feira. O papel desta Presidência já correu mundo e um pouco de modéstia não ficaria mal. Mas o caricato desta sessão surgiu em dois outros momentos: um, com o beneplácito social-democrata; outro, com a bênção socialista.
O primeiro deveu-se ao eurodeputado social-democrata Carlos Coelho a comentar a acção do governo português em política doméstica, sabendo-se que há um espaço próprio para isso, levando-nos a pensar que a oposição já não se consegue fazer aqui, no país, e tem que haver a ajuda da Europa. Obviamente, José Sócrates respondeu com um trunfo dos melhores, que nem seria necessário para demonstrar o excesso ou a inoportunidade, socorrendo-se de Winston Churchill: "nunca criticamos no estrangeiro o nosso Governo, guardamos para quando voltamos para casa e quando o Governo está em condições de se defender".
O segundo momento deveu-se à eurodeputada Edite Estrela, que, para ajudar na defesa do Primeiro-Ministro português, usou uma retórica entre o deslumbramento e o paradoxo: "Como foi possível alcançar os resultados que alcançou enquanto presidente do Conselho [da UE] e, simultaneamente, os resultados a nível interno? Quase parece que tem o dom da ubiquidade"...
É caso para dizer: valha-nos Deus, que, segundo os escritos, Esse tem o dom da ubiquidade e também o da imortalidade!

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