sábado, 28 de junho de 2014

Há cem anos, Gavrilo Princep inscreve o seu nome na História... e começa uma guerra

 
O dia 28 de Junho de 1914 caiu num domingo. Em Sarajevo, o arquiduque Francisco Fernando foi assassinado por uma série de coincidências e de acasos - depois de o atentado ter falhado, uma circunstância do acaso, o engano numa rua, levou o Arquiduque ao alcance da arma de um dos homens do complot... e Gavrilo Princep não hesitou: com dois tiros, acabou com a vida do Arquiduque e da esposa. Estava dado o primeiro passo objectivo para o que veio a ser a Grande Guerra, a Primeira Guerra Mundial.

Gavrilo Princep dispara sobre o herdeiro do império austro-húngaro, arquiduque Francisco Fernando

Gavrilo Princep é preso
 
No Congresso de Berlim de 1878, o prussiano Otto Bismarck afirmou que “a grande guerra europeia nascerá de qualquer disparate nos Balcãs”. Tendo falecido vinte anos depois, não chegou a ver que esse seu prognóstico viria a transformar-se em realidade. Se adivinhou isso, não conseguiu prever, contudo, que o resultado seriam dez milhões de mortos, que vários impérios submergiriam como consequência, que o conflito atravessaria os vários continentes.
Trinta anos depois deste vaticínio bismarckiano, em 5 de Outubro de 1908, as províncias da Bósnia e da Herzegovina eram anexadas à Áustria-Hungria pelo imperador Francisco José, decisão que gerou contestação a nível internacional e que provocou forte indignação na Sérvia, mesmo porque as populações da Bósnia e da Herzegovina eram, em parte significativa, sérvias.
O dia escolhido pelo arquiduque Francisco Fernando para visitar Sarajevo, dia de S. Vito, não foi o melhor – com efeito, em 28 de Junho de 1389, os sérvios tinham sido derrotados pelos turcos na batalha do Kosovo e essa data, além de constituir um dia de memória para os sérvios, era também o Dia Nacional da Sérvia. Assim, os conspiradores, afectos ao grupo Mão Negra, achavam que a conjugação dos acontecimentos era a possibilidade de a Bósnia se libertar do poder austro-húngaro e passar a integrar a Sérvia.
Na visita do arquiduque, o atentado falha, num primeiro momento, pois o responsável por atirar a bomba assassina falha apontaria e ela cai sobre uma outra viatura, tendo originado vários feridos. O arquiduque prossegue a visita e, depois das cerimónias, decide ir ao hospital visitar as vítimas. No trajecto, o motorista engana-se, entra numa rua sem saída e, ao tentar desfazer o lapso, surge Gavrilo Princep, do movimento conspirador, que, perante a oportunidade, não hesita e dispara sobre o arquiduque e sobre a mulher.
Francisco Fernando e Sofia de Hohenberg caíam e deixavam o caminho aberto para o conflito que duraria mais de quatro anos. Justamente catorze anos antes, em 28 de Junho de 1900, Francisco Fernando assinara um documento oficial em que declarava Sofia com sua esposa. Tristes coincidências!...
Gavrilo Princep foi preso e viria a morrer na prisão em 1918 por razões de falta de saúde. Simultaneamente, entrava na História, tornando-se herói para os sérvios. Cumpria a promessa que fizera a um amigo, Spiro Maric, quando adolescente: “um dia, as pessoas vão saber o meu nome.”
 


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