sábado, 12 de janeiro de 2008

Hoje, no "Correio de Setúbal"

DIÁRIO DA AUTO-ESTIMA – 74
Luiz Pacheco I – “Gosto, como o Ellery Queen, de misturar o real com o imaginário, mas não (como ele e alguns neo-realistas, esses maçadores) de abusar da credulidade dos leitores, longe disso.” (Textos Sadinos, 1991)
Luiz Pacheco II – “Não somos nada nas mãos do acaso e não há mais filosofia do que esta: deixar andar, tanto faz, hoje ou amanhã morremos todos, daqui a cem anos que importância tem isto, quem se lembrará de nós? quem se lembrará de mim?” (Carta a Fátima, 1992)
Luiz Pacheco III – Desta vez, o Luiz Pacheco foi-se mesmo. Várias vezes falou do medo de morrer e ia conseguindo fintá-la. Desta vez, o jogo acabou. A última vez que com ele estive foi no final de Julho de 2005. Pouco antes, tinha passado na televisão um documentário sobre si e a sua obra. Que não viu “para não se emocionar”. Nessa tarde, estava conselheiro (“ó pá, vocês façam, trabalhem, escrevam, porque, depois, com a falta de saúde e de vista, já o não podem fazer!”). Era assim o Luiz Pacheco: também humano, sensível, amigo. Gostei de o ter conhecido. Vou continuar a gostar de o ler.
Gestão – O novo modelo de gestão escolar tem passado um pouco ao lado da discussão na Escola, vá lá saber-se porquê. O documento, que está em apreciação pública, introduz um novo modelo de gestão nas escolas. O governo apresenta-o como “reforço” de algumas competências, nomeadamente dos pais, do meio social, dos parceiros da escola. Mas o projecto de diploma vai muito além do reforço, inaugura um outro caminho de gestão nas escolas, sem que se conheça se o que está em vigor teve uma avaliação. Há incongruências, nomeadamente quanto ao interesse e ao porquê do que é ser professor titular, neste projecto remetido para um papel elementaríssimo, depois de o governo justificar os professores titulares com o argumento de que a escola iria melhorar…
Europa – Se fosse a Europa do tratado do adjectivo, Portugal teria referendo; como é a Europa do complemento preposicional de nome, vai ter aprovação parlamentar. Tudo isto porque já se sabe (como?) que a grande maioria dos Portugueses está com o tratado de Lisboa. Uma União Europeia de certezas, pois. E os cidadãos europeus sem serem conquistados para a Europa…
Salto – A anterior crónica, por razões relacionadas com o espaço do jornal, não foi publicada no “Correio de Setúbal”, apenas no blogue de que sou editor. Daí que, entre a publicação da última e esta, haja um salto no jornal.

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