sexta-feira, 30 de julho de 2021

Memória: Pedro Tamen (1934-2021)


 

Por meados de Maio de 2007, conheci Pedro Tamen. Foi numa sessão intitulada “Encontro com Pedro Tamen”, realizada em Palmela (para onde o poeta viera residir), na Biblioteca Municipal,  que a minha amiga Isolina Jarro me convidou para apresentar.

Conhecia alguns dos títulos de Tamen, fui ler os outros. E a sessão foi interessante, numa relação entre leitura de poemas e considerações, jogos de palavras e episódios biográficos, conversa e algum humor.

Fez-me seu amigo e, de cada vez que saía um livro seu, sentia o prazer de o receber com palavras simpáticas.

Encontrámo-nos algumas (poucas) vezes. Fui sabendo dos seus prémios pelas notícias, fui sabendo do seu estado de saúde à distância.

Partiu ontem. E fica um vazio que ultrapassamos ao pegar nos livros e ao ler os seus poemas. Obrigado, Pedro Tamen!


Do livro Horácio e Coriáceo, de 1981, a “Fábula Redonda”:

 

                  Um bando de pombas voa

                  algo de banda, mas pumba,

                  um caçador que as chumba

                  abate a pomba de proa.

 

                  Furtivo; mas apregoa

                  a proeza que o enfuna.

                  Outra pomba, boa aluna

                  de sua mestra falcoa,

 

                  procura, de asa fincada

                  no bico, com que redima

                  tanta justiça ultrajada:

 

                  do caçador se aproxima,

                  por ira e vento levada,

                  e pumba, caga-lhe em cima.


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