sábado, 18 de julho de 2009

Avaliação de professores, OCDE e coisas vindas a público

Segundo o jornal Público, um relatório da OCDE tece vários comentários ao modelo de Avaliação de Desempenho Docente criado por este governo, considerado como "uma base sólida para futuros desenvolvimentos" a carecer de ajustamentos. E transcrevo do jornal:
«Em concreto, a OCDE constatou a necessidade de "aligeirar o modelo" ("em particular através da redução da frequência dos momentos de avaliação e da simplificação dos critérios e instrumentos"); de incluir uma componente externa na avaliação; e ainda de "estabelecer critérios e indicadores padronizados ao nível nacional", isto para "reforçar a equidade das avaliações dos professores em todas as escolas".
Os autores do relatório admitem que muitas das propostas feitas "levariam pelo menos dois anos para serem concretizáveis" e defendem que, para o Governo, "a tarefa mais premente é planear e calendarizar o processo de ajustamentos".
Sublinham, ainda, que "para uma reforma bem-sucedida é necessário o envolvimento e a motivação dos professores". "Uma avaliação de professores com consequências e a prestação de feedback, a reflexão e o desenvolvimento profissional subsequentes só acontecerão se os professores se sentirem motivados para fazerem o processo funcionar", escrevem os peritos, que consideram "essencial encontrar formas" de fazer com que os docentes "se identifiquem com os objectivos e os valores dos processos e práticas de avaliação".»

Entretanto, o Ministério da Educação entende que a designada versão “simplex” do modelo que criou deve continuar “por tempo indeterminado”. Mas, neste período indefinido, são elucidativas as palavras do Secretário de Estado que o Público reproduz: «Já Jorge Pedreira, secretário de Estado adjunto e da Educação, admitiu que no próximo ciclo de avaliação (os professores são avaliados a cada dois anos e só assim progridem na carreira), que se inicia em Setembro e se prolonga até 2012, pode começar com o modelo Simplex e terminar com outro.»
Estas coerências prometem. Fica-se sem perceber se, de facto, um dos erros que o Primeiro-Ministro admitiu ter existido nesta governação foi a forma como este modelo foi concebido, instalado e apresentado aos professores e à sociedade. Fica-se sem perceber se, de facto, as recomendações da OCDE são para valer ou não. Uma coisa se percebe: era necessário ter-se chegado até aqui, sobretudo depois de tanta gente ter dito o que a OCDE veio dizer? Foi. Infelizmente, porque o diálogo foi coisa que não existiu. Mas também parece que não houve aprendizagem nenhuma…

1 comentário:

Anónimo disse...

Não, não era necessário ter-se chegado até aqui!
Se o diálogo tivesse existido ... se a auto-avaliação das escolas no âmbito da sua autonomia fosse uma realidade ... se os objectivos partidários não fossem mais importantes do que a melhoria dos resultados das escolas e do que (como se vangloriava a Srª Ministra) «ganhar os pais», vulgo o público em geral que não percebe nada de educação mas que achou que denegrir oa professores seria uma vitória (de quê, de quem?,pergunto eu).
E agora? Com os «cacos todos no chão» como diz Santana Castilho, levaremos muito tempo para levantá-los bem como à nossa auto-estima colectiva.
MCT