sexta-feira, 19 de junho de 2009

Bocage: uma história para jovens leitores

A colecção “Chamo-me…” (Lisboa: Didáctica Editora), destinada a leitores a partir dos 9 anos, apresenta biografias de personalidades célebres, contadas na primeira pessoa. Recentemente, surgiu o título Bocage, com texto de J. M. Castro Pinto e ilustrações de Jorge Miguel.
A vantagem deste livrinho (para o seu público) é a de contextualizar o tempo de Bocage, assim sendo contada outra história para lá da que relata a vida da personagem. No entanto, sendo Bocage de Setúbal, onde viveu a infância e parte da adolescência, natural seria que houvesse alguma contextualização alusiva ao sítio, o que não acontece. O que é caracterizado é o ambiente de Lisboa, restando para a pátria sadina do poeta uma escassa e lacónica apresentação que informa ter sido Setúbal “um próspero porto de pesca e também importante pela exportação de sal e fruta que produzia”. Por outro lado, para caracterizar o ambiente do tempo, também poderia haver uma alusão a Luísa Todi, figura sadina da época, adolescente à data em que Bocage nasceu. E, já agora, na referência à Nova Arcádia, tertúlia frequentada pelo poeta, sendo feita referência a vários dos seus componentes, também teria sido útil que fosse mencionado o nome de Tomás António Santos Silva, árcade (com o pseudónimo de Tomino Sadino) e amigo de Bocage, setubalense como ele.
O percurso biográfico de Bocage é escasso neste livro, sendo possível um pouco mais de informação (mesmo tendo em conta o público a que se destina) e sendo imperioso que o capítulo “Ditos e anedotas” não tivesse sido integrado na biografia como se as anedotas contadas tivessem real fundamento… apesar de, na última página, constar a informação de que “é preciso ter cuidado (…) porque atribuíram-se a Bocage muitas anedotas ou poemas de mau gosto”.

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