sábado, 26 de abril de 2008

Os jovens e a política

O Presidente da República revelou ontem, na Assembleia da República, na celebração do 25 de Abril, que um estudo sobre os jovens e a política detectou a “insatisfação dos portugueses em geral com o funcionamento da democracia” (estou a citar do Público). O amargo da questão foi para os resultados obtidos entre os jovens e o Presidente lembrou o pormenor das respostas a três perguntas que havia no inquérito – “qual o número de Estados da União Europeia, quem foi o primeiro Presidente eleito após o 25 de Abril e se o PS dispunha ou não de maioria absoluta no Parlamento” – para dizer aos deputados e ao país: “metade dos jovens entre os 15 e os 19 anos e um terço entre os 18 e os 29 anos não foi sequer capaz de responder correctamente a uma das três perguntas”. Obviamente, o Presidente da República chamou a atenção para aspectos da democracia que ainda não estão cumpridos, tais como a necessidade de “um maior empenhamento cívico dos cidadãos” e de “uma nova atitude da classe política”, defendendo que “os centros de decisão têm de procurar uma política de proximidade face aos portugueses” e que os partidos devem “ouvir o povo e falar-lhes com verdade”.
A questão estava lançada, pois, e o Público procurou comentários de políticos relativamente a esta intervenção do Presidente da República, que foram unânimes em concordar com o dito: “Eu só posso concordar com o senhor Presidente e manifestar a minha adesão à vontade que o Presidente exprimiu de fazer tudo para chamar mais a atenção dos jovens” (José Sócrates), “Penso que, de futuro, todos os agentes políticos terão essa missão de tentar mobilizar mais os jovens” (Vitalino Canas), “O Presidente da República tem toda a razão no que disse” (Santana Lopes), “Não há hoje políticas que promovam a participação política dos jovens” (Francisco Louçã), “Mais vale tarde do que nunca, mas que ninguém se demita das suas responsabilidades em relação àquilo que fizeram no plano da formação e da educação dos jovens” (Jerónimo de Sousa).
E, aqui, fica o espanto: será que ainda não tinham dado por nada? será que, mais uma vez, vai sobrar para a Escola a responsabilidade da causa destes resultados?
Aditamento às 20h40
Acabo de ler na edição on line do Público notícia da LUSA a dizer que o Presidente da República vai debater com líderes juvenis o "afastamento" da política - «O anúncio foi feito pelo Chefe de Estado em declarações aos jornalistas após inaugurar a 25ª edição da feira de agro-pecuária Ovibeja, em Beja, um dia depois de discursar na sessão solene comemorativa do 25 de Abril, na Assembleia da República. (...) Por um lado, Cavaco Silva quer saber a opinião de líderes de organizações de juventude sobre a "realidade do afastamento dos jovens em relação à vida política" e, por outro, sobre "aquilo que pode ser feito para inverter a situação". (...) "Fiz um apelo a uma reflexão serena e séria sobre um trabalho sério, fundamentado e com dados concretos e não apenas baseado em suposições", disse. "Espero bem que, perante uma situação que é grave, todos, não excluo ninguém, nem excluo tão-pouco o Presidente da República, façam uma reflexão serena e construtiva sobre as consequências do afastamento dos jovens em relação à vida política", apelou.» A reunião vai ser em Maio. A reflexão serve para todos.

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