Como começar Aquilo que acabou? Como acabar Aquilo que não começou Triste fado o nosso Que nem a rezar pai-nosso Evite este alegre despiste O de ser ex-povo poeta Porque virou nobre pateta
Ó meu Portugal Que me dás o dia inteiro A possibilidade de funeral E todos os dias de nevoeiro De afonsos sem dom Sem segundos nem penúltimos Porque agora sobes o tom De sermos os primeiros dos últimos Como cantar a tua glória Se só na derrota cantas vitória
Deste destino não me livro De bruxedo e feitiçaria Narro-te em trovas de um livro Porque é negra a tua magia Desfeito dos teus feitos heróicos Que te dilataram a fé e o império Agora um punhado de paranóicos Armados em heróis a sério Cambado de panascos importantes Que além do mais são praticantes
Já não acredito em querer Que um dia vá acreditar Na fé desse grande crer Que me possas salvar E me faças outra vez de novo Filho de gente que sente Gente de gente, gente do povo Do povo de nação valente E agora vai pior que mal Numa estupidez imortal
Onde estão nossos irmãos Para onde fugiram nossos amores A quem dar as nossas mãos Num país de desertores Viraram-se ao contrário Fugindo à realidade Montados neste cenário Sem esperança na saudade E do amigo ficou o esboço Do inimigo a aperta o pescoço
Ó Portugal da mensagem Já sem rosto de Pessoa De Camões sem linhagem Sem porto e sem Lisboa Virou fantasma o Viriato Sebastião um morto-vivo O teu povo no estrelato Tua pátria um nado-vivo E já nem o velho do restelo Te idolatra como camelo
Foste castelos de tantas quinas De reis e governantes além-mar E agora desempenas esquinas Porque te esquivas do teu mar Foste o senhor de tanta guerra Em busca do além-mundo E agora enterras a tua terra Enterrando machado em peito fundo Que será de ti ó Portugal Que só em besta tu és bestial
Reina e impera a estupidez Governa a avidez e a ganância E de olhos fechados já não vês Que a tua prol é ignorância Que a votar não vota bem Que a não votar vota mal Porque o voto é o voto de alguém Que não te vota Portugal São votos brancos, votos de chulos São tudo votos, votos nulos
Canto-te assim ó fim d´império Numa poesia de raiva e dor Que te prova muito a sério O pouco de tão pouco amor E que te vê a desmaiar Em queda tornada coma Num hospício a tratar E à venda na vandôma A Europa desfigura-te o rosto E o teu vinho sabe a mosto
Ó Portugal moribundo A afogar-se à beira-mar Destes mundos e mundos ao mundo Sem o mundo te nada dar Vais agora de vento em popa Restos cozidos-à-portuguesa Eis Portugal ao inverso Lagutrop do meu verso
Porquê que Portugal está ao contrário?
ResponderEliminarPortugal ao contrário
ResponderEliminarComo começar
Aquilo que acabou?
Como acabar
Aquilo que não começou
Triste fado o nosso
Que nem a rezar pai-nosso
Evite este alegre despiste
O de ser ex-povo poeta
Porque virou nobre pateta
Ó meu Portugal
Que me dás o dia inteiro
A possibilidade de funeral
E todos os dias de nevoeiro
De afonsos sem dom
Sem segundos nem penúltimos
Porque agora sobes o tom
De sermos os primeiros dos últimos
Como cantar a tua glória
Se só na derrota cantas vitória
Deste destino não me livro
De bruxedo e feitiçaria
Narro-te em trovas de um livro
Porque é negra a tua magia
Desfeito dos teus feitos heróicos
Que te dilataram a fé e o império
Agora um punhado de paranóicos
Armados em heróis a sério
Cambado de panascos importantes
Que além do mais são praticantes
Já não acredito em querer
Que um dia vá acreditar
Na fé desse grande crer
Que me possas salvar
E me faças outra vez de novo
Filho de gente que sente
Gente de gente, gente do povo
Do povo de nação valente
E agora vai pior que mal
Numa estupidez imortal
Onde estão nossos irmãos
Para onde fugiram nossos amores
A quem dar as nossas mãos
Num país de desertores
Viraram-se ao contrário
Fugindo à realidade
Montados neste cenário
Sem esperança na saudade
E do amigo ficou o esboço
Do inimigo a aperta o pescoço
Ó Portugal da mensagem
Já sem rosto de Pessoa
De Camões sem linhagem
Sem porto e sem Lisboa
Virou fantasma o Viriato
Sebastião um morto-vivo
O teu povo no estrelato
Tua pátria um nado-vivo
E já nem o velho do restelo
Te idolatra como camelo
Foste castelos de tantas quinas
De reis e governantes além-mar
E agora desempenas esquinas
Porque te esquivas do teu mar
Foste o senhor de tanta guerra
Em busca do além-mundo
E agora enterras a tua terra
Enterrando machado em peito fundo
Que será de ti ó Portugal
Que só em besta tu és bestial
Reina e impera a estupidez
Governa a avidez e a ganância
E de olhos fechados já não vês
Que a tua prol é ignorância
Que a votar não vota bem
Que a não votar vota mal
Porque o voto é o voto de alguém
Que não te vota Portugal
São votos brancos, votos de chulos
São tudo votos, votos nulos
Canto-te assim ó fim d´império
Numa poesia de raiva e dor
Que te prova muito a sério
O pouco de tão pouco amor
E que te vê a desmaiar
Em queda tornada coma
Num hospício a tratar
E à venda na vandôma
A Europa desfigura-te o rosto
E o teu vinho sabe a mosto
Ó Portugal moribundo
A afogar-se à beira-mar
Destes mundos e mundos ao mundo
Sem o mundo te nada dar
Vais agora de vento em popa
Restos cozidos-à-portuguesa
Eis Portugal ao inverso
Lagutrop do meu verso
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