terça-feira, 30 de outubro de 2007

Minudências (15)

Rankings para que vos quero...
No Público de hoje: «A ministra da Educação afirmou que os rankings não são da responsabilidade do seu ministério, mas sim dos órgãos de comunicação social que consideram que esse trabalho é útil. "O ranking não é a forma correcta de avaliar as escolas, que são realidades muito mais complexas e exigentes do que a média das disciplinas", considerou. Segundo a ministra, os rankings são feitos a partir do Programa de Avaliação Externa das Escolas, que é um documento público. "A nossa responsabilidade no ranking é nenhuma", frisou.»
De facto, a “rankinguização” tem sido um processo em tudo semelhante àquelas febres noticiosas com data marcada, numa busca de repetidos acontecimentos, de análises iterativas e de luta que inferioriza a escola pública. Alguns peregrinos têm insistentemente dado a cara por essa onda do ranking, só eles sabendo o que os move… e pretendendo fazer passar a ideia de que o ranking que surge nesta altura do ano deveria ser factor a considerar na escolha da escola para os jovens. O que está aqui em jogo?
Fez bem a Ministra da Educação em explicar esta questão do ranking. Mas a verdade é que, nos anos anteriores, o Ministério não se tem pronunciado nestes termos, descolando-se dos rankings. E podia tê-lo feito. Mesmo para bem do ambiente nas escolas!...

5 comentários:

  1. Perante a suposição (ou a certeza?) de que existem graves deficiências no ensino, é compreensível que as famílias recorram a alguma informação que lhes permita orientar as suas escolhas (independentemente de saber o que provoca as diferenças: o que também seria bom divulgar). Se não há melhor indicador, que sejam os rankings! A não ser que se defenda que é preferível a ingnorância do que se passa nas escolas, mas nesse caso seria bom esclarecer porquê.

    É muito fácil dizer que os rankings não espelham fielmente uma realidade complexa: nunca nenhum indicador o fará, não é verdade? Além disso, se as famílias sabem quais são os dados de base com que se constroem os rankings, elas saberão dar-lhes o devido valor: parece-me boa política assumir que a capacidade para pensar está relativamente distribuida.

    Pergunta: se os rankings são indicadores grosseiros, onde é que estão os indicadores "finos"?

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  2. Meu caro J.A.:
    Se os rankings são indicadores "grosseiros" não sei. Se há famílias que se servem dos rankings para escolher a escola adequada para os seus filhos, estão no seu direito de o fazer porque o pensaram, com certeza. Os rankings valem o que valem e a verificação de que num ranking uma escola está no 400º-e-qualquer-coisa lugar, mas noutro ranking a mesma escola já aparece no 200º-e-qualquer-coisa lugar e noutro ainda em 300º-e-qualquer-coisa lugar, tudo no mesmo ano e a propósito das mesmas premissas, mostra que cada qual pode fazer o ranking que quiser, o que mais lhe agradar, o que mais lhe desagradar, numa palavra... o que mais sirva os seus objectivos. A partir daqui, avançar para um destino que faz a separação do mundo escolar em "boas" e "más" escolas é um jogo.
    Abraço.

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  3. Os rankings definem as escolas com melhores alunos. Os professores são os mesmos e às vezes piores.Mas a escola privada está melhor organizada. Os critérios de avaliação e as planificações são simples,mas o trabalho com os alunos é muito.A escola privada é uma empresa onde o que importa é a produtividade, muitos testes e muito estudo e é essa a chave do sucesso. Na escola pública muitos alunos vão brincar para as aulas e infelizmente também começo a achar que a gestão democrática está a falhar e para o bem da nossa liberdade deverá ter uma postura mais autoritária porque quem tem que entrar na linha são os alunos.

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  4. Cara Ermelinda:
    O que diz assenta em pressupostos que se cruzam com o que a Ministra da Educação disse anteontem na televisão a propósito das diferenças entre o privado e o público. Os professores, em muitíssimos casos, são os mesmos nos dois regimes. O que falha, então? Ao falar-se de disciplina, pode ser uma questão de organização, mas não necessariamente ligada com a "gestão democrática". É que, como se sabe, a história das penalizações e da autoridade na escola pública sempre tem sido posta em causa, vá lá saber-se em nome de quê. As questões da indisciplina têm sido transversais a todos os governos e... o que tem sido feito? Por outro lado, a prática do "aprender brincando" ou "aprender jogando" ou similares esqueceu uma verdade essencial: é que tem que haver trabalho. Aprender, tal como ler, dá trabalho, lá isso dá. E o trabalho como valor tem sido questão que tem andado arredada da escola, infelizmente. Depois, no final, as consequências hão-de sobrar sempre para alguém... para os professores, obviamente, mas, acima de tudo, para a sociedade, que não vai a lado nenhum sem trabalho e sem organização (que, diga-se, não deve ser confundida com burocracia, esse inferno em que os docentes são obrigados a passar grande parte do seu tempo). Abraço.

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