quinta-feira, 29 de março de 2012

Máximas em mínimas (80) - Fernando Sabino

Arrependimento – “Quando a gente perde a cabeça acaba fazendo bobagem e depois se arrepende.”
Heroísmo – “Todo mundo tem na vida uma oportunidade de ser dois. Nos momentos de coragem, por exemplo, em que a pessoa faz coisas que se julgava incapaz. Os atos de heroísmo, nos instantes de perigo, quando a gente é capaz de pular um muro ou subir numa árvore que normalmente seria impossível de conseguir, quem você pensa que está fazendo tudo isso senão o outro?”
Fernando Sabino. O menino no espelho (1982)

segunda-feira, 26 de março de 2012

Máximas em mínimas (79) - Marguerite Yourcenar

Ver – “As curvas das colinas ou as madeixas das nuvens são feitas para quem as vê e pairam demasiado longe para se deixarem afagar.”
Felicidade – “A felicidade é frágil, e quando a não destroem os homens ou as circunstâncias, ameaçam-na os fantasmas.”
Ilusão – “A ilusão é talvez a forma que as realidades mais secretas adquirem aos olhos do comum.”
Marguerite Yourcenar. Contos orientais.

domingo, 25 de março de 2012

Memória: Antonio Tabucchi (1943-2012)

Escritor, italiano, estudioso e admirador da literatura portuguesa. Muito fez por ela, trazido pelo fascínio pessoano, mas deixando-se embalar noutras entradas. Como, por exemplo, as histórias dos baleeiros açorianos ou por entre as malhas de Porto Pim. A cultura portuguesa deve-lhe muito. Mesmo tendo sido um fascínio para si. Lembrança e dever de ler.

sábado, 24 de março de 2012

Máximas em mínimas (78) - Luis Sepúlveda

Dor – “As cicatrizes são monumentos à dor.”
Escrita – “A palavra escrita dá forças, une.”
Leitura – “As feridas dos heróis da literatura são rapidamente curadas com o bálsamo da leitura.”
Marginal – “Uma formidável lei da vida faz com que os lixados deste mundo se encontrem.”
Medo – “As sociedades que crescem no medo aceitam como legítimo tudo aquilo que provém da força, seja das armas, seja do capital.”
Pobreza – “A grande verdade solidária dos pobres nunca oxida.”
Ternura – “A ternura tem que ser protegida com dureza e a dor não nos pode paralisar.”
Luis Sepúlveda. As rosas de Atacama (2000, trad. portuguesa)

quarta-feira, 21 de março de 2012

No Dia Mundial da Poesia, com Sebastião da Gama

["Louvor da Poesia", reprodução do manuscrito de Sebastião da Gama, 07-02-1950]

Ao celebrar-se o dia Mundial da Poesia, que melhor forma para o assinalar do que relendo aquele que pode ser o “testamento poético” de Sebastião da Gama?
O poema “Louvor da Poesia”, datado de 7 de Fevereiro de 1950 – exactamente dois anos antes da morte do poeta –, integrou a terceira obra de Sebastião da Gama, Campo aberto, publicado em 1951, e, em manuscrito, tem uma dedicatória para Vergílio Couto, que foi o professor metodólogo de Sebastião da Gama no estágio da Escola Veiga Beirão. (...) Ler mais...

terça-feira, 20 de março de 2012

N'«O Setubalense» de ontem - Memórias de uma guerra longínqua (ou talvez não)

Durante quase um mês, entre 14 de Janeiro e 11 de Fevereiro, teve a Biblioteca Municipal de Palmela uma exposição bibliográfica consagrada às memórias portuguesas da Grande Guerra, em torno de cerca de oitenta títulos, mostrados entre o memorialismo português do conflito de 1914-1918 e algumas recriações literárias sobre as trincheiras, quer da literatura portuguesa, quer de literaturas estrangeiras. Paralelamente, ocorreram duas conferências sobre o tema, uma na perspectiva da literatura de ficção, outra seguindo o ponto de vista da historiografia.
Na primeira, a conversa esteve a cargo de Sérgio Luís de Carvalho, escritor, autor do romance O destino do capitão Blanc, obra de 2009, uma das boas obras escritas em português, ficcionando esse tempo das trincheiras. A sessão abundou em informação ilustrada sobre a participação portuguesa na Grande Guerra e entrou por pormenores da construção do romance, ao jeito das “pequenas histórias” que vão ajudando um autor a cimentar uma narrativa.
A segunda sessão, orientada por Ernesto Castro Leal, da Faculdade de Letras de Lisboa, intitulou-se “Pátria e República: Memorialismo de Guerra nas edições da Renascença Portuguesa”. Acentuado foi o papel da memória e o pretexto da participação na Grande Guerra como bandeira de afirmação, bem como a carga simbólica em torno da intervenção de Portugal. Mas a palestra de Castro Leal, conduzida por uma leitura cuidada do melhor e mais significativo memorialismo português da época, teve ainda a vantagem de chamar a atenção para vários aspectos: para a propagação de mitos que se vão arrastando na história de um povo (o de Portugal ter sido o primeiro país a abolir a pena de morte é um deles, uma vez que tal abolição foi acontecendo, mas durou cerca de 70 anos até que ocorresse o último fuzilamento debaixo de responsabilidade portuguesa, em Setembro de 1917, na Flandres, no Corpo Expedicionário Português); para o facto de, recorrentemente, nos confrontarmos com o princípio de que Portugal não estava preparado para a guerra, cabendo saber se algum país estaria preparado para tal naquela altura (como estaria algum dos intervenientes preparado se, no início, os estrategas e os políticos pensavam que ela acabaria antes do Natal de 1914, quando acabou antes do Natal, mas de 1918?); para a necessidade de, aquando do centenário da Grande Guerra (a ter início dentro de dois anos), a participação portuguesa ser mais divulgada e conhecida, por justiça com a memória, iniciativa que deverá ter também marcas locais, uma vez que não terá havido concelho que não tenha perdido alguns dos seus filhos no conflito (recorde-se, a propósito, que de Setúbal saíram tropas para a Flandres e que houve o monumento aos mortos da Grande Guerra em 1931 exactamente na mesma data em que, em Lisboa, era inaugurada semelhante evocação); para o facto de Portugal ter tido a situação curiosa de dois soldados desconhecidos, um dos campos da Europa, outro das batalhas em África (efectivamente, Portugal esteve na guerra em dois cenários de operações – na África, em defesa das colónias, desde início do conflito, e na Flandres, como aliado da França, desde Janeiro de 1917 – passaram há poucos dias os 95 anos do embarque do primeiro contingente português rumo a Brest).
A questão da memória portuguesa da Grande Guerra é caso a ser estudado. Como se compreende que tenha havido algum memorialismo publicado até aos anos 30 do século passado, mas, depois, se tenha ficado pelas evocações esporádicas? Provavelmente pelo facto de ter havido a Guerra Mundial de 1939-1945 sem a participação de Portugal e a memória do que se passara duas décadas antes ter sido ultrapassada; provavelmente porque a guerra colonial nos trouxe o convívio com o sofrimento; provavelmente porque a catarse é sempre difícil; provavelmente porque…
Em França, em Novembro de 1998, quando passavam 80 anos sobre o armistício que pôs fim à Grande Guerra e quando se estava num tempo finissecular, num inquérito conduzido pelo jornal “Le Monde” e pela “France 3” sobre os dez acontecimentos marcantes do século XX, a guerra de 14-18 ficou em quarto lugar, depois da 2ª guerra mundial, do Maio de 68 e da queda do regime soviético e antes da construção europeia, da descolonização, do choque petrolífero dos anos 70, da crise de 1929, da revolução russa de 1917 e da revolução islâmica iraniana. Mais: na faixa etária dos 15-19 anos, a Grande Guerra foi o segundo acontecimento lembrado.
Surpreendente? Talvez não. Não terá havido família francesa que não tenha perdido um parente no conflito de 14-18, é certo (a França teve 76% de baixas entre os seus oito milhões e meio de mobilizados). Mas também ajuda muito o facto de um respeito intenso pela memória. E esse é um dever de cidadania, sobretudo para se poder fazer frente a políticas ou a épocas que pretendem esquecer os ensinamentos da história.
Os dados do sofrimento português na Grande Guerra não devem ser desprezados, sejam eles vistos no contexto do envolvimento geral, sejam no de Portugal apenas. Proporcionalmente, Portugal teve mais baixas do que exércitos como o do Império Britânico, dos Estados Unidos, do Japão, da Bélgica, da Grécia, da Turquia ou da Bulgária, analisando cada um individualmente. Os números das nossas baixas cifram-se em 38012, correspondendo a 36% dos mobilizados – 7760 mortos, 16607 feridos, 13645 prisioneiros e desaparecidos. Vale a pena que a memória se preocupe com estes números e com a intervenção portuguesa, porque, como Luis Sepúlveda escreveu, “os povos que não conhecem a fundo a sua História caem facilmente na mão de vigaristas, de falsos profetas e voltam a cometer os mesmos erros”. Independentemente do lado da trincheira em que nos encontremos…

domingo, 18 de março de 2012

Para a agenda - III Encontro Livreiro, em Setúbal - é no domingo!


É já no domingo, 25, que tem lugar o III Encontro Livreiro, em Setúbal, reunindo livreiros, escritores, leitores e todos quantos se interessam pela vida do livro. A participação é livre... basta chegar lá, à livraria Culsete, na Av. 22 de Dezembro, pelas 15h00.
Se, entretanto, quiser saber mais coisas sobre o que tem sido o papel da Culsete, sobre as livrarias, sobre os Encontros Livreiros, pode visitar várias fontes: a última edição do JL - Jornal de Letras, por exemplo, trata as livrarias com destaque, tendo percorrido algumas delas, Culsete incluída; depois, tem dois blogues obrigatórios - o Chapéu e Bengala, do Livreiro Velho que é o Manuel Medeiros, e o Isto não fica assimOutros há, com certeza; mas estes são indispensáveis.
Finalmente, já sabe, é aparecer: ali, onde o mundo dos livros nos apela! Até lá!

sábado, 10 de março de 2012

Da deslealdade na política

O prefácio do novo volume em que o Presidente da República reúne as suas intervenções reveste as características de um texto memorialístico, pretendendo contar e justificar a história mais recente. Segundo o Presidente, o anúncio por José Sócrates do PEC IV, sem conhecimento prévio ao Presidente, foi “uma falta de lealdade institucional que ficará registada na história da nossa democracia”. Por outro lado, a apreciação da forma como foi conduzida a acção governativa do segundo mandato de Sócrates também não deixa margens para dúvidas – segundo o Presidente, “desde que iniciara funções, o Governo revelava grande dificuldade em adaptar-se à situação decorrente da perda de maioria absoluta nas eleições legislativas de setembro de 2009”.
Quanto à primeira afirmação, não poderemos dizer nada, por se referir a uma questão de relacionamento entre os dois; quanto à segunda, o caso é mais preocupante pois essa “dificuldade” foi sentida por toda a gente, foi visível.
A questão é de tempo. Provavelmente, teria sido muito melhor que o Presidente da República decidisse em conformidade na altura… o que não aconteceu.
As acusações só agora publicadas geraram o que era inevitável: acusações sobre quem teria sido mais desleal, dentro de um discurso de agressão quanto à “moral” que uns tenham ou outros não tenham para falar de “deslealdade”… como foi o caso do comentário de Silva Pereira, ministro da equipa de Sócrates.
Os políticos ajudam à construção da sua imagem. Quem falou durante o dia de ontem de deslealdade foram eles mesmos, referindo-se às relações entre eles. E os portugueses assistiram à peça uma vez mais. Podem chamar-lhe “deslealdade institucional” ou qualquer outra metáfora ou qualquer outro eufemismo, podem. Podem até competir entre si para saber qual o tal “campeão da deslealdade”.
Toda esta história é bizarra. Talvez os políticos nunca tenham sido tão verdadeiros ao falar de si próprios. É uma classe que acaba de se autocaracterizar pela deslealdade, pelo comentário fora de tempo, pelo discurso cheio de imagens de desculpabilização escondendo o menos bom que tem existido. Só resta uma dúvida: haveria quem suspeitasse de que este mundo era diferente?

domingo, 4 de março de 2012

Tahar Ben Jelloun - "L'homme rompu", o romance da corrupção

Quando, em 1994, o escritor marroquino Tahar Ben Jelloun publicou L’homme rompu (Paris: Éditions du Seuil), fê-lo anteceder de uma nota explicativa em que dizia dever este romance ao escritor indonésio Pramoedya Ananta Toer (1925-2006), que, na altura, vivia sob vigilância em Jacarta, proibido de publicar, sob o regime de Suharto. Ben Jelloun quis visitá-lo, mas desistiu da ideia por tal gesto poder significar mais um problema para o escritor oriental. Assim, decidiu homenagear o seu companheiro com este romance, abordando o tema da corrupção, tão caro a Toer que já tinha publicado em 1950 um romance a que dera justamente o título de Corrupção.
O espaço escolhido por Ben Jelloun foi Marrocos, numa geografia centrada em Casablanca, com reminiscências de Fez; a personagem construída foi Mourad, engenheiro a trabalhar num Ministério do Equipamento, cuja assinatura era decisiva para a aprovação de projectos de construção. A acção é determinada pela constante pressão a que Mourad está sujeito: poderia viver bem melhor se alinhasse na assinatura de determinados projectos a troco de dinheiro, tal como acontecia com vários dos seus colegas. Não só essa pressão era evidente por parte do seu director e do seu adjunto (a ganhar bem menos do que ele, mas com um nível de vida muitíssimo superior), como era feita pela mulher de Mourad, Hlima, que sempre o desconsiderara por ele não entrar nesse jogo da corrupção, que seria a forma de a família poder viver melhor, pressões que o culpabilizam com o eufemismo de não se ter adaptado à vida moderna...
A característica de resistente que Mourad tinha acabou-se-lhe quando decidiu aceitar o primeiro envelope com uma quantia em dirhams bem atraente. E, depois, veio a segunda oferta, em dólares. Se, antes, era a luta de Mourad contra um sistema, agora passa a ser a luta de Mourad consigo mesmo, percurso explorado numa escrita em que a personagem monologa sobre si, sobre as relações sociais e sobre o mundo. O romance é o resultado dessa luta, o percurso que Mourad faz para se justificar e para, definitivamente, aceitar enveredar pelo caminho do pagamento dos favores.
Paralelamente, existe uma história de mulheres. Se as imagens sociais do seu director e do seu adjunto são beliscadas por, sendo chefes de família, se envolverem com raparigas de liceu, já Mourad resiste a essa prática (ele mesmo tem uma filha dessa idade), mas o seu percurso oscila entre três mulheres: a esposa, a prima Najia (viúva, atraente) e Nadia, a rapariga que conheceu numa das suas deambulações pela cidade. O romance é também esse percurso de afastamento relativamente a Hlima e de aproximação a Najia, numa rede em que também há a cultura dos afectos com Nadia.
Mourad vai-se encontrando, definindo, num gesto de entrada num mundo diverso do que sempre conheceu, por vezes reagindo sob a lembrança dos ensinamentos do pai, outras vezes hesitando porque à sua volta a corrupção alastra e é prática quotidiana. A finalizar a nota de abertura, que é também uma dedicatória para Ananta Toer, Ben Jelloun escreve: “L’histoire se passe au Maroc aujourd’hui. C’est pour lui dire que sous des ciels différents, à des milliers de kilomètres de distance, l’âme humaine, quand elle est rongée para la même misère, cède parfois aux mêmes démons. Cette histoire semblable et différente, localle et universelle, est ce qui nous rapproche, nous, écrivains du Sud, meme si ce Sud est à l’Est extrême.”
O leitor vai seguindo os debates interiores de Mourad sempre na expectativa do que poderá ser o seu destino: recuo na decisão, prisão ou assumida entrada no mundo da corrupção? A resposta é dada por uma personagem que persegue Mourad desde a primeira página – o seu adjunto Haj Hamid (que, a partir de certa altura, ele tratará por H. H.), num momento em que estavam sós no escritório, depois de uns dias de ausência de Mourad, sorri-lhe e diz-lhe: “Bienvenue dans la tribu!” E o romance acaba. Assim, o engenheiro deixava de ser um “grão de areia” na engrenagem e passava a integrar-se no sistema…
Uma história densa em torno de uma personagem não menos densamente trabalhada, de uma riqueza psicológica extrema, é este L’homme rompu, em que o adjectivo do título tanto remete para a corrupção iniciada como para a verticalidade abandonada. E, porque a corrupção vai sendo fenómeno de que se fala todos os dias, este retrato de Mourad é um bom contributo da literatura para um outro retrato deste tempo…
Sublinhados (por ordem alfabética)
Corrupção – “Le propre de la corruption c’est qu’elle n’est pas visible directement. (…) La corruption est une forme déguisée d’impôt supplémentaire.”
Destruição (do homem) – “Si l’homme vend son âme, s’il achète la conscience des autres, il participe à un processus de destruction générale.”
Dinheiro – “La réligion de l’argent pourrit tout ce qu’elle touche. Elle méprise les gens modestes, les honnêtes gens incapables de magouilles.”
Explicar o mundo – “Lorsque des choses étranges arrivent, il faut les recevoir telles quelles, sans chercher à tout expliquer. L’intelligence est l’incompréhension du monde, c’est cette capacité de nous étonner et de découvrir que complexité n’explique pas obscurité. Quant à ceux qui réclament la clarté absolue, ils se trompent ou se font des illusions.”
Infância – “Nous avons tous besoin d’une petite place sur la terrasse de l’enfance, là où on est hors d’atteinte, un peu comme si on était mort.”
Liberdade – “Personne ne peut m’empêcher de penser ni de rêver. C’est ma seule liberté. (…) Mes rêves sont impénétrables. Je suis le seul qui possède la clé. Je n’ai même pas besoin de la cacher. Elle est dans ma tête. Il n’y a personne pour m’empêcher d’agir.”
Mentir – “Les gens honnêtes ne savent pas mentir; dès qu’ils sortent du droit chemin, tout le monde le sait. Ils se trahissent eux-mêmes. Pas besoin de les dénoncer.”
Noite – “Qui a dit que la nuit porte conseil? C’est faux. Non seulement elle ne porte pas conseil mais elle dramatise les faits, elle les grossit, les rend lourds. (…) La nuit est alarmiste.”
Outro – “On découvre vraiment les êtres dans des moments inattendus comme les silences, ou grâce à un petit détail, dans la manière dont ils réagissent à des faits sans importance.”
Pobreza – “On est puni d’être pauvre; et on est pauvre parce qu’on est honnête; honnête parce qu’on est éduqué de père en fils pour respecter la loi. (…) La pauvreté est parfois mauvaise conseillère. Elle pousse les gens à commettre des délits, à voler, à escroquer, à mentir.”
Simplicidade (do homem) – “Il faut aller dans les campagnes pour rencontrer des gens encore attachés aux choses simples de la vie. Ils sont accueillants et généreux meme s’ils sont pauvres. En ville, plus les gens sont riches plus ils sont calculateurs.”
Solidão – “La solitude choisie est une forme aiguë d’égoïsme, un refuge pour ceux qui ne se sentent pas concernés par cette agitation qu’on confond parfois avec la vie.”
Tédio – “L’ennui tranquille est un état de l’esprit et du corps qui ressemble à une sorte d’apaisement quand il n’y a rien à faire ni à prouver.”

sábado, 3 de março de 2012

Máximas em mínimas (77) - José Gomes Ferreira

Mudança – “Só as aparências são susceptíveis de mudança e nunca o que existe de mais profundo nos seres.”
Medo – “Ocultar o medo – a única valentia verdadeira dos homens verdadeiros.”
Pensar – “A maioria das pessoas já nem pensa! Fala. Isto é: limita-se a pôr o aparelho em acção, a acertar a agulha no sulco respectivo e a deixar tocar o Disco… Sempre igual, aliás.”
Sofrimento – “Como me irrita esta pretensão de quererem ensinar aos homens o que só os homens entendem: a vida, o sofrimento, o sacrifício…”
Coração – “O coração não compreende nada. Bate como uma máquina e nada mais. O verdadeiro coração existe na cabeça.”
Religião – “Muitos deuses têm os homens inventado para se sentirem menos sozinhos no mundo.”
José Gomes Ferreira. Aventuras de João Sem Medo (1963)